O estudo mostra que 76% das pessoas que passam forme são negros. Das 16,1 milhões de pessoas que vivem em favela, 11, 5 milhões passaram fome no ano passado. Das 44,2 milhões de crianças de todo o País, 4,9 milhões sentiram fome.

Empresário e ONGs clamam por medidas de combate ao desperdício para minimizar a fome

Estudo apresentado no LATAM Retail Show mostra que 19,1 milhões de brasileiros passaram fome em 2020

Empresários e sociedade civil devem se unir para combater a fome e o desperdício de alimentos no Brasil. Esse é o pedido de lideranças da cadeia alimentar e de organizações não governamentais, que perceberam e comprovaram por meio de estudo a volta do crescimento do problema no País, principal produtor de alimentos no mundo. “Grande parte do que é produzido no mundo se perde na cadeia, entre a colheita e o consumo. Precisamos nos conscientizar que podemos fazer alguma coisa para diminuir a forme no Brasil e no mundo. Vamos combater a fome, combatendo o desperdício”, disse o empresário Abílio Diniz, que já não atua mais no varejo, mas se sente sensibilizado com a questão. O apelo foi feito no painel “Fome e Abundância: Incoerência Brasileira” no LATAM Retail Show.

A Integration Consulting fez um mapeamento para entender toda a cadeia de geração de alimentos no Brasil com base em dois pilares: o tamanho da fome e do desperdício.

Segundo parâmetros da FAO e do IBGE, insegurança alimentar leve é quando a pessoa tem dúvida ou incerteza se terá alimentos nas próximas refeições. Insegurança alimentar moderada é quando a pessoa não tem uma das refeições e insegurança alimentar grave é quando a pessoa não come algumas das refeições e quando afeta criança. De acordo com a ONU, fome é a insegurança alimentar grave.

O mapeamento mostra que 55% da população brasileira, 116,9 milhões de pessoas, tiveram algum grau de insegurança alimentar em 2020. Dessas, 19,1 milhões sofreram com a escassez de alimentos.

Empresários e sociedade civil devem se unir para combater a fome e o desperdício de alimentos no Brasil.

Segundo a sócia da Integration, Andrea Aun, isso significa que a fome voltou fortemente ao cenário brasileiro após alcançar o menor nível dos últimos anos em 2013 com 7,2 milhões de pessoas com fome ou 3,6% da população. Em 2018, havia 10,3 milhões de brasileiros com fome ou 5% da população. “A pandemia agravou a situação, mas não foi a responsável pela volta da fome”, explica Andrea.

Em 2018, havia 10,3 milhões de brasileiros com fome ou 5% da população. “A pandemia agravou a situação, mas não foi a responsável pela volta da fome”, explica Andrea.

O que explica o aumento 

Para Ricardo Henriques, economista e superintendente executivo do Instituto Unibanco, “o Brasil retorna ao mapa da fome ao produzir uma agenda de recuo frente à democracia e recuo frente à sua sensibilidade diante dos mais vulneráveis. A combinação da crise econômica, da crise sanitária, agravadas pela crise política, produz uma descontinuidade, em última instância, rupturas com políticas públicas consolidadas, sólidas em termos de evidências empíricas e, consistentemente, dedicadas aos mais vulneráveis. É a combinação da descontinuidade da política pública para o lado social associada à insensibilidade dos mais vulneráveis nesse contexto de crise que faz com que o Brasil retorne ao mapa da fome”.

Andrea explica que a fome está espalhada por todo o Brasil. Nos estados de São Paulo, Bahia, Maranhão estão 32% das 19,1 milhões de pessoas sofrem com esse problema social. A escassez de alimentos para as famílias está relacionada à pobreza e ao desemprego. São 24,5 milhões de brasileiros que vivem com menos de R$ 275 per capita por mês.

A cara da fome

O estudo mostra que 76% das pessoas que passam fome são negros. Das 16,1 milhões de pessoas que vivem em favela, 11, 5 milhões sofrem com a insegurança alimentar grave no ano passado. Das 44,2 milhões de crianças de todo o País, 4,9 milhões sentiram fome.

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